A família Cunha Lima participa ativamente da política paraibana desde os anos 60, quando Ronaldo Cunha Lima foi eleito Vereador de Campina Grande, Deputado Estadual e Prefeito da Rainha da Borborema, tendo os direitos políticos cassados pouco após tomar posse em 1969.
Após treze anos afastado da vida pública, Ronaldo voltou de forma triunfante a Prefeitura de Campina, vencendo a eleição de 1982 contra o patriarca de outro grande clã da política, o ex-Deputado Federal Vital do Rêgo.
A partir desse acontecimento, são exatos 40 anos que temos, algum Cunha Lima ocupando cargos na política paraibana. Já tivemos Ivandro que foi Deputado Federal, Arthur que foi Deputado Estadual e Ronaldo Cunha Lima Filho que foi Vice-Prefeito de Campina Grande.
Mas o nome que mais se destacou foi o de Cássio Cunha Lima, eleito Deputado Federal com apenas 23 anos, Cássio conseguiu traçar uma trajetória completa na política. Deputado Federal por dois mandatos, Prefeito de Campina por outras duas ocasiões, Senador e Governador reeleito.
Após o racha do MDB em 1998, os Cunha Lima praticamente fundaram o PSDB no estado, sua força e estrutura de poder encontraram um partido que precisava de uma liderança local e que desse a legenda de FHC a relevância necessária na Paraíba.
2002 foi o ápice do sucesso para os Cunha Lima, disputando uma eleição contra o indicado do desafeto José Maranhão, que havia sido reeleito em 1998 com 80% dos votos, Cássio venceu a batalha contra Roberto Paulino nos dois turnos e trouxe de volta o nome da família para o Palácio da Redenção.
Mas todo esse poder ruiu em 2009, quando Cássio foi cassado no STF, por suposto uso de um programa social em benefício de sua candidatura à reeleição durante o período eleitoral de 2006. A popularidade do ex-Governador continuou em alta em 2010, quando conseguiu se eleger Senador e ajudar Ricardo Coutinho a vencer José Maranhão na disputa ao Governo.
Com uma derrota apertada contra o próprio Ricardo em 2014, Cássio teve a alegria de ver a vitória do seu filho, Pedro Cunha Lima, que se elegeu Deputado Federal com apenas 26 anos em sua primeira eleição e a entrada de outro Cunha Lima, no circuito estadual, no caso o seu sobrinho, Bruno que já era Vereador de Campina Grande e que se tornou Deputado Estadual.
Mas nem tudo são flores e a eleição de 2018, se mostrou o pior momento político da história da família Cunha Lima. Bruno tentou uma vaga na Câmara Federal, mas acabou ficando na segunda suplência, Pedro conseguiu se reeleger, mas com uma votação muito menor que em 2014 e Cássio que estava disputando a reeleição ao Senado acabou ficando na quarta colocação, mostrando que a então intocável popularidade do clã estava afetada como nunca.
Quando se achava que a família poderia cair em uma espiral de derrotas, o primeiro indício de remontada foi em 2020, quando Bruno venceu a disputa pela Prefeitura de Campina, contra a esposa do Senador Veneziano Vital, de uma forma mais tranquila do que se esperava inicialmente.
E em 2022 a marca definitiva da volta da família ao protagonismo na Paraíba, se tornou realidade quando Pedro conseguiu ir para o segundo turno contra João Azevêdo, mesmo tendo um número de Prefeitos infinitamente menor ao seu lado e toda a máquina pública a serviço do Governador. A sua derrota em um segundo turno apertado demonstrou mais do que nunca que Pedro será figurinha carimbada nas próximas eleições.
Mas indo diretamente na questão da nossa coluna. Qual será o futuro político da família Cunha Lima? Mesmo com apenas 59 anos, Cássio já deu todos os indícios de que não quer mais ser candidato em qualquer esfera eleitoral, seja ela estadual ou municipal. A forma como Pedro se portou na disputa contra João, dá a Cássio a segurança que ele tem alguém que possa continuar o legado da família sem ter que se preocupar com o trabalho e o estresse de uma eleição.
Mesmo tendo tido um ótimo desempenho em 2022, Pedro não irá disputar as eleições do ano que vem, pois em Campina, Bruno tentará a reeleição e em uma hipotética tentativa na capital, ele não entraria em conflito contra Ruy Carneiro que acabou de voltar para o PSDB. Esse período afastado pode fazer mal politicamente a Pedro, que não deverá disputar nada menor que o Senado em 2026.
Bruno é quem parece estar com um caminho mais claro, ele tentará a reeleição na Rainha da Borborema, e se Daniella ou algum dos Ribeiros não disputar a eleição, suas chances de vitória aumentam exponencialmente. Em 2026, Bruno tem duas alternativas, se estiver ou não Prefeito, ele deve pleitear novamente uma vaga na Câmara Federal ou pode decidir por continuar na Prefeitura e terminar os 8 anos de mandato.
Mas uma coisa é certa, ainda iremos escutar muito os nomes de Pedro e Bruno levando o sobrenome dos Cunha Lima pelos próximos 30 anos da política paraibana.