QUEM MANDOU MATAR MARIELE? Intercept Brasil afirma que Lessa apontou Domingos Brazão como um dos mandantes: ENTENDA
Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, foi apontado por Ronnie Lessa, ex-PM acusado de matar Marielle Franco, como possível mandante do crime. A revelação, confirmada pelo Intercept Brasil, surgiu a partir do acordo de delação feito por Lessa, atualmente preso.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) precisa homologar o acordo de delação, já que Brazão possui foro privilegiado. Lessa está sob custódia desde março de 2019, e o desfecho do caso, segundo o diretor-geral da Polícia Federal, está previsto para o primeiro trimestre de 2024.
Domingos Brazão, que sempre negou envolvimento, foi acusado formalmente pela Procuradoria-Geral da República em 2019 por obstrução das investigações. Ele ficou afastado por quatro anos do cargo de conselheiro no Tribunal de Contas após ser preso em 2017, na Operação Quinto do Ouro, ligada à Lava Jato no Rio de Janeiro.
Ronnie Lessa, condenado em julho de 2021 por destruir provas relacionadas ao caso, fez parte do Bope. Élcio de Queiroz, também ex-PM, confessou ter dirigido o carro no atentado que ocorreu em 14 de março de 2018, no bairro Estácio, Rio de Janeiro. A motivação de Brazão para supostamente ordenar o atentado seria uma vingança contra Marcelo Freixo, ex-deputado estadual pelo Psol.
VINGANÇA TERIA MOTIVADO O CRIME
A principal hipótese para o suposto envolvimento de Domingos Brazão no atentado contra Marielle seria uma vingança contra Marcelo Freixo, ex-deputado estadual pelo Psol, hoje no PT, e atual presidente da Embratur. Brazão teve conflitos com Freixo durante o tempo em que ambos atuaram na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Freixo teve papel relevante na Operação Cadeia Velha, deflagrada pela Polícia Federal em novembro de 2017. A ministra Laurita Vaz, do STJ, mencionou em 2020 a possibilidade de Brazão agir por vingança, considerando a intervenção de Freixo nas ações que resultaram no afastamento de Brazão do Tribunal de Contas.
O Ministério Público retomou a análise de documentos relacionados à milícia em Rio das Pedras, suspeita de conexões com a família Brazão e o Escritório do Crime, conforme reportagem do Intercept Brasil. A família Brazão, incluindo o deputado Pedro Brazão e Chiquinho, colega de Marielle na Câmara, é um grupo político proeminente no Rio de Janeiro.