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Relator usa Bíblia para defender anistia a Bolsonaro em parecer sobre dosimetria no Senado

Esperidião Amin retoma proposta de Marcelo Crivella para conceder anistia a Bolsonaro e usa metáfora bíblica para justificar: “Somos Jacó e estaremos em Betel, na busca pela casa de Deus”.

O senador bolsonarista Esperidião Amin (PP-SC) usou uma metáfora religiosa, baseada no velho testamento da Bíblia, para defender abertamente a anistia a Jair Bolsonaro (PL) e aos golpistas do 8 de Janeiro no relatório apresentado às 9h02 desta quarta-feira (17) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, dois minutos após o início programado da sessão.

“Estamos convencidos de que a dosimetria para os citados condenados funcionará como a escada funcionou para Jacó, em Gênesis 28:10-19. Vejamos o excerto bíblico”, escreve Amin no texto, colocando a íntegra do versículo bíblico.

No texto, o senador bolsonarista afirma que, assim como Jacó recebeu uma promessa divina em momento de vulnerabilidade, os condenados do 8 de janeiro deveriam receber um “alívio penal” como primeiro degrau de uma reconciliação nacional.

Segundo ele, a dosimetria funcionaria como a escada que liga a terra ao céu, o alívio penal seria o “primeiro degrau da escada” e a busca seria pela “casa de Deus” (Betel), associada à ideia de pacificação por meio da anistia, que atinge Bolsonaro.

“Somos Jacó e estaremos em Betel, na busca pela casa de Deus. A promessa divina, em momento de vulnerabilidade, conferiu resiliência e confiança à missão de Jacó. Um alívio penal às exorbitantes reprimendas impostas pelo STF aos condenados do dia 8 de janeiro será o primeiro degrau da nossa escada”, diz Amin.

Antes disso, o senador retoma o projeto original da Anistia, descrito no projeto de lei do deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) e despreza as mudanças feitas no PL da Dosimetria pelo relator, Paulinho da Força (Solidariedade-SP).

“Note-se, portanto, o que será enfatizado mais adiante, que o propósito do deputado federal Marcelo Crivella jamais foi o de abrandar a pena para criminosos em geral ou conceder benefícios penais irrefletidos, mas tão somente atingir com o perdão estatal aquelas pessoas injustamente consideradas detratoras da ordem democrática”, diz Amin, defendendo a retomada do propósito inicial, de concessão da anistia a Bolsonaro.

No documento, o senador só acata a emenda de Sergio Moro (União-PR), que “retende corrigir a redação do dispositivo pertinente ao art. 112, para que se afastem dúvidas quanto ao escopo do Projeto de atingir tão somente os fatos relacionados ao dia 8 de janeiro de 2023”.

Leia o relatório da íntegra AQUI

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