Relembre ataques de Moro a Bolsonaro, aliados de novo contra a eleição de Lula
Ex-juiz da Lava Jato acumula acusações de enfraquecimento de órgãos de combate à corrupção no atual governo
O senador eleito Sergio Moro (União Brasil) integrou a comitiva do presidente Jair Bolsonaro (PL) no debate promovido por Folha, UOL, TV Band e TV Cultura neste domingo (16).
No final do evento, Bolsonaro afirmou que seu antigo ministro da Justiça “foi dez” —Moro foi responsável por condenações contra o ex-presidente Lula (PT) depois anuladas pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Moro foi considerado parcial pelo tribunal.
O clima ameno entre os dois contrasta com o que vinha se desenhando desde o início de 2020, quando o ex-juiz da Lava Jato pediu demissão do ministério.
“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f. minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança da ponta de linha que pertence à estrutura. Vai trocar. Se não puder trocar, troca o chefe dele. Não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira”, disse.
Nos meses seguintes e até as eleições deste ano, Moro reafirmou as acusações de desmantelamento do combate à corrupção no governo Bolsonaro. Relembre abaixo essa e outras críticas do ex-juiz.
“Queria combater a corrupção, mas, para isso, eu precisava do apoio do governo e esse apoio me foi negado”
“Quando vi meu trabalho boicotado e quando foi quebrada a promessa de que o governo combateria a corrupção, sem proteger quem quer que seja, continuar como ministro seria apenas uma farsa”
“Chega de corrupção, chega de mensalão, chega de petrolão, chega de rachadinha, chega de orçamento secreto. Chega de querer levar vantagem em tudo e enganar o povo brasileiro”
“Não tenho condições de persistir aqui, sem condições de trabalho”
“[Houve] violação de uma promessa que me foi feita inicialmente de que eu teria uma carta branca”
“Não são aceitáveis indicações políticas”
“Admito que faltou da minha parte um salutar ceticismo quanto às promessas efetuadas pelo presidente eleito e quanto à própria boa vontade de Brasília para avançar no combate à corrupção. Mas eu não era um político treinado, e sim um juiz. Não estava acostumado à quebra de palavra”
“Teve uma decisão do Supremo que beneficiou o filho do presidente. (…) O problema é que essa liminar parava todas as investigações de lavagem de dinheiro no país. Parava tudo. E o presidente não queria que a gente mexesse nisso. Ele me falou assim: ‘Moro, se você não vai ajudar, não atrapalhe'”
“O país está mal porque o presidente é ruim. Está na conta dele. Está na conta do Bolsonaro o desemprego, a inflação, a demora nas vacinas e essas atitudes malucas de ser contra a vacina, a favor da Covid, sei lá, não dá para entender isso. Está na conta dele o desmantelamento da corrupção e está na conta dele o Lula. O Lula só está voltando porque esse governo é muito ruim”
“Ele pegou os caras que estavam com Lula e está tudo com ele hoje. E o cara vem falar que é contra a corrupção?”
“Ele tinha, sim, traído tudo o que ele tinha prometido, tinha traído a população. Na minha opinião, porque ele não quer que tenha um sistema contra a corrupção que seja forte. Ele não quer esses instrumentos fortes, porque ele tem os problemas legais dele.”
“O Bolsonaro enfraqueceu o combate à corrupção, dando oportunidade para essa revanche contra a Lava Jato. Me tirou do governo (…)”