A Polícia Federal prendeu, na manhã desta terça-feira (16/12), o desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), durante a segunda fase da Operação Unha e Carne, que investiga o vazamento de informações sigilosas com possível impacto na obstrução de apurações criminais. A ação cumpriu um mandado de prisão preventiva e dez de busca e apreensão, todos expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com diligências no Rio de Janeiro e no Espírito Santo.
Segundo informações do g1, Macário Júdice Neto foi detido em sua residência, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Ele atuava como relator de processos relacionados à Operação Zargun no TRF-2, investigação deflagrada em setembro que levou à prisão de pessoas associadas ao Comando Vermelho e teve desdobramentos envolvendo políticos e operadores. A PF apura se houve participação ou facilitação no vazamento de dados protegidos que teriam permitido a investigados se anteciparem a medidas judiciais.
A investigação que embasou a nova fase da Unha e Carne foi aberta no âmbito do STF como desdobramento do julgamento da ADPF 635/RJ, conhecida como ADPF das Favelas, que determinou a apuração de possíveis conexões entre grupos criminosos violentos e agentes públicos no estado do Rio de Janeiro. Na primeira fase da operação, em 3 de dezembro, a PF já havia cumprido prisões preventivas e buscas contra suspeitos de repassar informações sigilosas da Operação Zargun. Na ocasião, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), chegou a ser detido, mas teve a prisão revogada posteriormente pelo plenário da Casa.
O nome de Macário Júdice Neto remete a um histórico anterior de afastamento da magistratura. Ele ficou fora das funções desde 2005, quando foi alvo de investigações que apuravam suspeita de venda de sentenças e favorecimento a uma organização criminosa ligada ao jogo do bicho e a máquinas caça-níqueis. Em 2015, o magistrado foi absolvido na esfera penal relacionada a esse caso, mas permaneceu afastado por conta de um processo administrativo disciplinar (PAD).
Em novembro de 2022, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu, por maioria, que havia extrapolação de prazo no PAD e determinou a reintegração do magistrado. Apesar disso, o retorno às funções só ocorreu em maio de 2023, após o TRF-2 encerrar outro afastamento decorrente de uma ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público Federal, cujo julgamento terminou com a rejeição da petição inicial. Com a decisão, Macário reassumiu a titularidade da 3ª Vara Federal Cível de Vitória (ES).’

