Oposição x governo: veja equilíbrio de forças na CPI do Crime Organizado
Avanço da pauta da segurança pública sobre a agenda nacional é considerada como um ponto sensível para o governo do presidente Lula; tema voltou à pauta após operação no Rio.
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado será instalada nesta terça-feira (4) no Senado Federal com o ambiente político marcado pela repercussão da operação realizada pelo governo do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho (CV) nos Complexos da Penha e Alemão.
O avanço da pauta da segurança pública sobre a agenda nacional é considerado como um ponto sensível para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Com a repercussão da operação que terminou com 121 mortos no Rio de Janeiro e a pressão da opinião pública, governo e oposição decidiram escalar senadores de peso para a comissão, que pretende mirar o “modus operandi” de facções como o CV e o Primeiro Comando da Capital (PCC) e a atuação de milícias.
O objetivo do colegiado será apurar a estruturação, a expansão e o funcionamento de milícias e facções.
Disputa por comando e alerta no governo
Ainda não há acordo para definir o senador que presidirá a CPI — decisão que será tomada na sessão de instalação. O relator será o senador Alessandro Vieira (MDB-SE), que propôs a criação do colegiado.
A articulação para tentar influenciar o resultado e a indefinição sobre quem será o presidente da CPI pode abrir espaço para um movimento silencioso da oposição, que já conseguiu surpreender o governo ao conquistar o comando da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS.
O governo gostaria que o comando da CPI ficasse a cargo de Fabiano Contarato (PT-ES) ou de Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado.
Por que o tema ganhou peso?
- A operação no Rio, o debate sobre Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e a narrativa bolsonarista focada em “lei e ordem” reacenderam a disputa pública sobre segurança.
- A oposição vê no tema uma ponte com eleitores de centro e pretende usar a CPI para reforçar a imagem de enfrentamento ao crime.
- O governo tenta impedir que a agenda seja capturada politicamente e busca dar resposta institucional, com envio do PL Antifacção e articulação com governadores.
Equilíbrio político
A CPI terá 11 titulares e sete suplentes. Entre os nomes indicados, há quadros experientes e figuras centrais na disputa entre governo e oposição como:
Oposição
- Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
- Sergio Moro (União-PR)
- Marcos do Val (Podemos-ES)
- Magno Malta (PL-ES)
Governo e aliados
- Jaques Wagner (PT-BA)
- Otto Alencar (PSD-BA)
- Rogério Carvalho (PT-SE)
- Fabiano Contarato (PT-ES) – suplente
- Randolfe Rodrigues (AP) – suplente
O que a CPI vai investigar?
A CPI deve funcionar por 120 dias e pretende apurar:
- estrutura e expansão de facções como PCC e CV e de milícias;
- fontes de financiamento e lavagem de dinheiro;
- domínio territorial e prisional;
- conexões regionais e transnacionais;
- atuação e possível infiltração no poder público;
- apontar mudanças legislativas.
O que dizem os senadores?
Alessandro Vieira afirmou que, se confirmado relator, buscará impedir o uso eleitoral da comissão:
“O foco será técnico. Vamos ouvir especialistas, secretários de segurança, governadores e comunidades atingidas para produzir soluções”, disse.
Randolfe Rodrigues, que é líder do governo no Congresso Nacional, afirma que a oposição quer obter ganhos eleitorais com a CPI.
“A oposição quer um palanque seja onde for”, afirmou.
O senador Flávio Bolsonaro defende, no entanto, que o objetivo da oposição ao governo é um foco comum no combate ao crime organizado.

