Na véspera de seu julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) causou alvoroço ao marcar presença no Congresso Nacional nesta quarta-feira (21) e conceder uma entrevista coletiva no mesmo momento em que Cristiano Zanin era sabatinado pelo Senado. Em um movimento ousado, Bolsonaro justificou sua presença, afirmando: “Amanhã é meu julgamento”.
Durante a coletiva, quando questionado sobre a indicação de Zanin ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente tangenciou o assunto, argumentando que a nomeação é uma “prerrogativa do presidente” e aproveitou para fazer uma comparação com sua indicação do “terrivelmente evangélico” André Mendonça.
Em relação às acusações de envolvimento com tentativa de golpe, Bolsonaro negou veementemente e defendeu-se, alegando que sempre atuou dentro das “quatro linhas”. Para ele, não houve um golpe no episódio de 8 de janeiro, mas sim atos de vandalismo, rejeitando a ideia de uma tomada de poder. Em suas palavras, “nunca vi golpe sem armas”.
No entanto, a decisão de Bolsonaro de comparecer ao Congresso durante a sabatina gerou críticas e preocupações entre membros de seu próprio partido, o PL, que classificaram sua atitude como “kamikaze”. Segundo eles, as declarações do ex-presidente foram consideradas “desastrosas” e sua postura foi interpretada como “arrogante”, ao tentar instruir os magistrados do TSE sobre as atribuições da Corte e alertar que seria “péssimo para a democracia” se ele fosse julgado de forma diferente da chapa Dilma-Temer em 2017. Bolsonaro afirmou que a jurisprudência não pode ser modificada.
O julgamento de Bolsonaro no TSE é um momento crucial para seu futuro político, e suas ações e declarações recentes têm gerado intensos debates e polêmicas tanto dentro quanto fora do cenário político nacional. A presença do ex-presidente no Congresso durante a sabatina de Zanin despertou questionamentos e aumentou a expectativa em torno do desfecho desse processo judicial, que pode impactar significativamente o panorama político do país.