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Veneziano articula ofensiva para atrair o apoio do PT a Cícero – Por Nonato Guedes

Depois de mover céus e terras para ter o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, nos quadros do MDB, com a promessa de fazê-lo candidato a governador nas eleições de 2026, o senador Veneziano Vital do Rêgo concentra-se, agora, na ofensiva para atrair o apoio do Partido dos Trabalhadores à anunciada candidatura do gestor da Capital,
reforçando espaços no Guia Eleitoral e abrindo possibilidades para representar o palanque da candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição.

Veneziano tem deixado claro, na condição de dirigente do diretório estadual do MDB, que o seu cronograma de fortalecimento da legenda obedece a etapas, e avalia que a principal delas está sendo cumprida – a atração de um líder político de expressão como Cíceropara encabeçar a chapa majoritária ao pleito do próximo ano.
Com a manobra, Veneziano procura, ao mesmo tempo, robustecer a sua própria candidatura a um novo mandato no Senado Federal, que ameaçava ficar condenada aoisolamento pela ausência de um puxador de votos ao governo, já que o MDB, em si, não tem grandes quadros com densidade eleitoral nem estrutura fortemente competitiva no Estado, situando-se no nível das médias agremiações que pontificam na conjuntura local e nacional. Desde que se investiu no comando partidário, com a morte do ex-governador e ex-senador José Maranhão, Veneziano tem investido em eleições municipais e regionais na tentativa de devolver ao MDB a grandeza que ele teve em período recente da história política paraibana, simbolizada na fotografia que enfeita o gabinete de Veneziano na sede do partido e que reúne as figuras de Humberto Lucena, Cícero Lucena, Ronaldo Cunha Lima, Antônio Mariz, José Maranhão como luminares de uma fase de ouro da legenda que se confunde com ciclos de poder na Paraíba.
Cabe lembrar, a propósito dos esforços de Veneziano para atrair o apoio do PT a Cícero, o movimento que o senador empreendeu em 2022, quando se lançou candidato ao Executivo e formalizou aliança com o Partido dos trabalhadores, a esteentregando a vaga de vice-governador, ocupada por Maísa Cartaxo, mulher do deputado estadual Luciano Cartaxo, e a vaga de candidato ao Senado, ocupada pelo ex-governador Ricardo Coutinho. A chapa foi derrotada e Veneziano não conseguiu avançar, sequer, para o segundo turno, disputado entre o governador reeleito João Azevêdo, do PSB, e o ex-deputado federal Pedro Cunha Lima, à época no PSDB.
Rompido com João Azevêdo, Veneziano aliou-se no segundo turno a Pedro, mesmo com Lula declarando apoio a João. Foi uma tática para consolidar ampliação de espaços em nível local em Campina Grande, sua principal base – e é certo que Veneziano ganhou promessa de apoio de Pedro e seu pai, Cássio, bem como de outros aliados do grupo, à sua proposta de reeleição ao Senado. Veneziano jacta-se de ser um político com prestígio junto ao presidente Lula, ea versão não é fantasiosa. O MDB da Paraíba, sob seu comando, foi o primeiro diretório no país a hipotecar apoio à candidatura do líder petista à Presidência da República em 2022 contra Jair Bolsonaro, e Veneziano cacifou-se junto ao presidente eleito Luiz Inácio pela sua condição de vice-presidente do Senado Federal na gestão de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tornando-se interlocutor privilegiado junto ao Palácio do Planalto nas discussões sobre decisões referentes a assuntos de urgência estratégica, sendo consultado regularmente sobre o encaminhamento de matérias de interesse do governo federal ao plenário da Casa. No episódio dos atos anti-democráticos de 8 de janeiro de 2023, Veneziano rumou a Brasília para acompanhar, como presidente em exercício do Senado, as medidas planejadas pelo governo do presidente Lula para liderar a resistência contra os golpistas ligados ao bolsonarismo e inconformados com a derrota do seu chefe no teste das urnas em 2022.
Evidente que Veneziano divide espaços de influência junto a Lula na Paraíba com o governador João Azevêdo, que é aliado incondicional do mandatário e tem se exposto de peito aberto na sua defesa mesmo quando teve que  conviver com a gestão Bolsonaro, que foi desastrosa, em parte, para os interesses do nosso Estado. Mas até por estar em Brasília, no coração do poder, e por dispor de outras influências que fazem sua conexão direta com o Planalto, Veneziano sente-se mais prestigiado, inclusive, na relação com o PT, cuja autonomia ele respeita. No que se refere à aliança entre MDB e PT em apoio à pré-candidatura de Cícero Lucena ao governo, Veneziano sabe que é um processo delicado que demanda muita negociação e dele exige, particularmente, completa habilidade, envolvendo gestões com a cúpula nacional,agora presidida por Edinho Silva, e com a direção estadual presidida pela deputada
Cida Ramos. Veneziano tem, novamente, as duas vagas de 2022 para oferecer: vice-governador e uma de senador. Mas precisará torcer para que Cícero não caia nas pesquisas, tornando-se uma aventura política, não uma aposta viável com chances de vitória nas eleições de 2026.

 

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