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Justiça vê falhas na apuração e pede novas diligências no caso Zambelli

A juíza Marcela Dias Coelho, do Foro Criminal da Barra Funda, em São Paulo, determinou na quinta-feira 10 que a Polícia Civil retome as investigações do caso envolvendo a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que na véspera do segundo turno sacou uma arma no meio da rua, nos Jardins, para enquadrar um homem negro com quem havia discutido. Na ocasião, o policial militar Valdecir Silva de Lima Dias, que acompanhava a parlamentar, deu um tiro e foi preso em flagrante (depois liberado sob pagamento de fiança).

A decisão ocorre após a delegacia do bairro produzir um relatório final sobre o caso com várias questões pendentes. Além de não ouvir todas as testemunhas que presenciaram a ocorrência, os investigadores não buscaram imagens de câmeras de segurança dos prédios vizinhos. Os vídeos são importantes para elucidar o caso, pois o policial alegou que o tiro foi dado por descuido, após seu joelho “falhar”, mas há dúvidas de que o disparo teria sido para o alto, como uma forma de advertência, o que é ilegal.

Agora, o delegado terá sessenta dias para produzir um novo relatório. Além disso, a pedido do Ministério Público, a juíza quer saber quais procedimentos a Polícia Militar está tomando em relação à conduta de Valdecir. Além do disparo, há a suspeita de que ele estaria fazendo “bico” de segurança para Zambelli, prática não permitida, embora corriqueira no mundo policial.

A investigação paulista não aponta a participação de Zambelli, pois essa parte está com o Supremo Tribunal Federal, em decorrência do foro privilegiado da deputada. No último dia 3, ela viajou aos Estados Unidos para “estudar meios de assegurar e restaurar a liberdade de expressão no Brasil”.