RS Tragédia anunciada ; Leia o relatório de 2015 que projetou o desastre – e os governos escolheram engavetar

“Brasil 2040” traçou cenários futuros e propôs medidas de adaptação do país às mudanças climáticas. Mas foi ignorado.

Tragédia sem Precedentes no Rio Grande do Sul: Chuvas Extremas e Impactos Climáticos

O Rio Grande do Sul enfrenta uma tragédia sem precedentes. Até a manhã desta segunda-feira, pelo menos 83 pessoas morreram, mais de 100 estão desaparecidas e pelo menos outras 121 mil tiveram que deixar suas casas após as chuvas no início de maio. Metade do estado está debaixo d’água, e os impactos ainda são desconhecidos. O governador Eduardo Leite comparou a situação a uma guerra e afirmou que se trata da maior catástrofe da história do país.

Essa situação extrema, porém, não é inesperada. Há pelo menos 10 anos, um relatório da Presidência da República já alertava para chuvas acentuadas no Sul do Brasil devido às mudanças climáticas. O documento também destacava a necessidade de sistemas de alerta e planos de contingência.

relatório “Brasil 2040: Cenários e Alternativas de Adaptação à Mudança do Clima”, encomendado em 2014 pela gestão de Dilma Rousseff, apresentava resultados dramáticos. Entre eles:

  • Elevação do nível do mar
  • Mortes por onda de calor
  • Colapso de hidrelétricas
  • Falta d’água no Sudeste
  • Piora das secas no Nordeste
  • Aumento das chuvas no Sul

O estudo, que analisou impactos em infraestrutura, agricultura, energia e outros setores, foi realizado por vários órgãos de pesquisa do país e custou R$ 3,5 milhões. Seu objetivo era propor medidas de adaptação climática para minimizar os impactos negativos das mudanças inevitáveis. No entanto, o estudo foi engavetado no governo Dilma e ignorado pelas gestões seguintes.

Natalie Unterstell, especialista em políticas climáticas e uma das responsáveis pelo projeto, afirma que os achados ainda fazem sentido, pois trabalharam com projeções para 2040, 2070 e 2100.

Chuvas Intensas no Sul e Medidas Propostas

O relatório alertou especificamente para aumento de frequência de eventos de cheia e inundações na região Sul e de eventos de seca nas regiões norte-nordeste. Não precisamos esperar até 2040 para sentir os efeitos: esse é o 4º episódio de fortes chuvas no Rio Grande do Sul em menos de um ano. No ano passado, a Amazônia sofreu uma seca sem precedentes.

Entre as medidas propostas pelos pesquisadores estava a elaboração de planos de contingência específicos para eventos de cheias, associados a um planejamento de longo prazo e frequentemente atualizados. Também foram propostos sistemas de alerta e adaptação da drenagem urbana.

Estudo Considerado “Alarmista”

O “Brasil 2040” foi encomendado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da presidência da República. No entanto, o governo não deu a devida atenção aos resultados. Dilma foi derrubada, e seu sucessor, Michel Temer, ratificou o Acordo de Paris, mas adotou medidas que colocaram as metas climáticas do país em risco. Jair Bolsonaro, um negacionista, continuou postando mentiras sobre o clima enquanto o Rio Grande do Sul enfrentava enchentes.

Agora, pelo menos, a postura do governo mudou. O presidente Lula chamou a atenção para a emergência climática e exaltou a importância da ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva. A realidade se impôs, e antes de 2040, precisamos agir para evitar mais tragédias.


Fontes: [Tatiana Dias Intercept Brasil : Referências do Relatório “Brasil 2040”]

Documento alertou para chuva e cheias na região Sul

O relatório do “Brasil 2040” que detalhava os impactos das mudanças climáticas sobre os recursos hídricos, feito pela Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura, destacou um aumento no nível de chuvas no extremo sul do país superior a 15%.

Mapa mostra anomalias de precipitação em diferentes cenários. Em azul, onde irá chover mais; em vermelho, onde choverá menos.

Estudo foi considerado ‘alarmista’

O “Brasil 2040” foi encomendado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da presidência da República, na época comandada pelo economista Marcelo Neri. Neri convidou outro economista, Sergio Margulis, autor do estudo “Economia da adaptação à mudança climática”, para assumir o cargo de subsecretário de desenvolvimento sustentável.

Agora, pelo menos, a postura do governo mudou. Ao visitar o estado na última quinta-feira, , o presidente Lula chamou a atenção para a emergência climática, e exaltou a importância da ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva. “A natureza está se manifestando, e nós precisamos levar isso muito em conta, porque quando a natureza se rebela, a gente sabe que os prejuízos são muitos”, disse Lula.

A realidade se impôs. E antes de 2040.

 

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