Com base em uma delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), foi revelado que o ex-presidente teria se reunido com comandantes militares em novembro de 2022 para apresentar um plano de golpe de estado. A reunião ocorreu no Palácio da Alvorada e contou com a presença do então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, do comandante do Exército, general Freire Gomes, e do brigadeiro Carlos Batista, comandante da Aeronáutica. Segundo o relato de Cid, Garnier teria manifestado apoio imediato à iniciativa de Bolsonaro, enquanto Batista teria ficado calado diante da proposta.
No entanto, Freire Gomes teria reagido de forma mais contundente à ideia de golpe. De acordo com a reportagem do Valor Econômico, o general teria ameaçado prender Bolsonaro caso a iniciativa fosse levada adiante. “Se o senhor for em frente com isso, serei obrigado a prendê-lo”, teria dito Freire Gomes na reunião. Ainda segundo a reportagem, o general sabia que os comandantes das regiões Sul, Sudeste, Leste e Nordeste não apoiariam a iniciativa golpista. Além disso, os americanos, tanto civis quanto militares, já haviam dado demonstrações de que não apoiariam um golpe no Brasil.
A delação de Mauro Cid também revelou que ele recebeu um estudo sobre o “poder moderador” dos militares, que justificaria um golpe após a vitória de Lula nas eleições presidenciais de 2022. Cid afirmou que entregou esse estudo a Bolsonaro e que o ex-presidente teria ficado entusiasmado com a ideia. No entanto, a iniciativa não avançou devido à resistência de Freire Gomes e dos outros comandantes militares.